Inspiração da obra “A mulher do Barco” nas palavras Sérvulo Esmeraldo “nós estávamos no cais e passou um barco fazendo um forte barulho e soltando uma fumaça escura, como uma cabeleira. O meu amigo reclamou da passagem do barco, que no seu entender poluía visualmente a paisagem, e eu repliquei: ‘mas isto não é um barco, é uma mulher no barco”
Na ponte dos Ingleses tem uma escultura do artista cearense reconhecido internacionalmente, Sérvulo Esmeraldo foi escultor, gravador, ilustrador e pintor, que ao longo de sua carreira se dedicou a uma série de técnicas e movimentos artísticos, sempre em busca de novas formas de expressão. Segundo os críticos “As esculturas de Sérvulo Esmeraldo atraem sorrateiramente o olhar para um confronto entre a objetividade do visível da obra e um equilíbrio essencialmente subjetivo, enigmático. Apesar da precisão quase matemática, a sensação e o devaneio não escapam, estão presentes, condensados na singularidade dos sólidos inspirados por um ideal (problemático) de perfeição e apropriação da luminosidade. Surgem para o olhar, soltas, emancipadas, mas foram inventadas fazendo parte de um sistema, de uma história.
É preciso circular em torno delas para perceber suas sutilezas específicas. O artista trabalha a partir de poucas variações formais, mas intimamente entrosado com o fazer da arte, não só os materiais e a técnica utilizados como Itambém os dados da história. Luz e espaço se articulam como resultado de uma experiência de trabalho, cada escultura é uma soma de volume e luz. Um silêncio estilizado e denso, resistente às falas e definições. Por trás desse equilíbrio quase imperturbável, existe um processo de saber obcecado em inventar com os mais simples sólidos do universo da geometria objetos/monumentos de arte que, além de conviver harmonicamente com a luz e a sombra, acentua a paixão por uma espécie de ‘belo clássico’, livre de inquietações, um belo puro e destilado, próximo ao êxtase da perfeição”
Sagrada Inspiração
Nada é igual, o mesmo é outro
Bendita a vontade do novo
De ir mais e bem fundo
em si, no outro e no mundo
Subir os batentes, abrir a porta
Chegar nas nuvens, e ficar à toa
Abrir espaço e receber no agora
Risos, cores, música e comida boa
Dentro da alma, cresce devagar
A visão da bendita sensatez
Bem-vinda luz a clarear
Suave e leve, pura fluidez
No amanhã, o velho fica novo
Na criança a curiosidade do olho
O mesmo é sempre surpreendente
O que era antigo, agora é diferente
Mesmo na mesmice do já visto
O artista em tudo traz, inspiração
Embriagado do vinho da vida
Expressa na arte o poder da renovação
Magui Guimarães