Qual é o cerne da questão? O que precisa ser feito? O que ainda não foi feito mas, que tem a força avassaladora de virar a chave? Em pleno século XXI, ainda não se pode afirmar que somos uma humanidade. Talvez estejamos caminhando com venda nos olhos, deixando solta a mente dos desejos focada nos domínios externos, na ânsia de mostrar o poder desmedido e inconsequente. O sofrimento humano, além do necessário, passa pelo desconhecimento de si. Compra-se um liquidificador e vem um manual de quinze páginas, no entanto nascemos com um cérebro poderosíssimo com dez bilhões de neurônios com funções avançadas bio-eletro-químicas, e não recebemos o manual de funcionamento, subutilizando todo o potencial que morre de inanição. Albert Einstein, no livro “Como eu vejo o mundo”, relata que o mais inteligente dos humanos somente utiliza 5% da inteligência disponível.
Na comparação, o computador é apenas uma imitação tacanha da engenhosidade do nosso sistema composto de uma massa encefálica, o hardware que é a parte tangível onde os programas mentais, ou seja o software é processado. Nosso bio-computador se atualiza e pode baixar aplicativos de melhores formas de ser e agir, tornando-se mais do que o resultado do meio. Os cientistas comportamentais descobriram que os expoentes da humanidade programam a própria vida com técnicas mentais refinadas utilizando uma ciência empírica disponível nas entranhas humanas.
Os verdadeiros heróis seguem um guia interno que intuitivamente sente o perigo e, para resistir a atração dos chamados externos, tal qual Odisseu, pede para ser amarrado no mastro do navio com cera nos ouvidos para não ser sucumbido pelo canto das sereias. A segurança real é o eixo de referência interna onde está cravada a missão de vida, a única voz que deve ser escutada, que nos mantem firmes mesmo navegando nas águas inconstantes de uma sociedade líquida que segundo Zygmu nt Bauman sociólogo, filósofo polonês, não consegue se solidificar.
Para andar na corda bamba do cotidiano, sem rede de produção, a técnica ideal é o autoconhecimento, a consciência das forças, potenciais e valores, e ainda, a aceitação das fraquezas, medos e limitações, que se quer esconder, mas como uma boia, sempre vem à tona.
Carol Dweck, em seu best seller MINDSET prova que o diferencial dos que se destacam da massa, é o uso de programas mentais avançados que impactavam positivamente na vida pessoal e profissional, atingido o máximo com o mínimo de esforço, com economia de tempo e energia. Napoleão Bonaparte dizia: “Eu sou as circunstâncias”. Tirando os exageros, ser dono do destino, inicialmente requer ser dono da própria mente, saindo do ciclo vicioso de tentativa e erro, livrando-se da condição doentia de vítima ou algoz, para desenvolver a semente do potencial adormecido. A solução para criar uma sociedade livre, capaz de ser maior do que simplesmente o produto do meio, é educar a mente para extrair de dentro de si mesmo, o elixir do autodomínio. Todos nascemos com potencial mas, é preciso conhecer ferramentas de acesso pois, sem um anzol, morremos de fome em um lago repleto de peixes.
As novas descobertas Neurociência e da Neurolinguística defendem o pressuposto de que “Todos temos todos os recursos para vencer quaisquer desafios”, e apesar de todo o potencial mental, travamos o sistema nervoso com emoções irracionais, quando temos a opção fazer o download de aplicativos eficientes de gestão dos pensamentos e emoções adequadas a cada situação.
Estudos da Neurociência provam que as pessoas que conseguem sobreviver, enterrados em escombros, usam uma estratégia mental de desviar o pensamento do desastre e imaginam-se sendo encontrados por cães farejadores. Assim, diminuem a sensação de pavor, economizam oxigênio do cérebro, e conseguem dar a si mesmos, uma sobrevida até serem achados. Os que focam nas consequências terríveis do desastre, morrem psicologicamente, antes de morrer literalmente.
São técnicas quânticas que geram grandes resultados como por exemplo, usar o método socrático de fazer perguntas inteligentes para criar estados de recurso, perguntando: “Como seria se eu pudesse viver no melhor que eu posso ser?” Uma simples pergunta desencadeia miríades possibilidades de conexões neurais, refinando vibrações de estados de poder interno, berço de grandes transmutações que elevam a consciência, operando a partir do âmago de ser, a fabricação do néctar da pura energia que impulsiona forças humanas.
Os sobreviventes que engrossam as fileiras da nova humanidade são os que aprendem a tirar mel dos fracassos, a exemplo do indigente encontrado semimorto, e já perto de entrar na gaveta do necrotério, consegue fazer um leve movimento no corpo, sinalizando vida e após ser reavivado, transforma-se no filósofo francês Jean Yves Leloup, conforme relatos no livro “Terapeutas do Deserto”. Tais heróis vencem a si mesmos, e renascem como fênix, porque acreditam na crença de que “aquilo que não me mata, me fortalece”, e mesmo nas piores situações encontram motivos para viver e servir.
Afinal, a mente sempre tem razão, quer acredite que não vai conseguir, quer acredite que vai conseguir, a mente cria a mentira que a pessoa quer acreditar, e este é o enigma da Esfinge de Tebas,
Decifra-me ou devoro-te” um alerta para os viajantes rejeitarem os convites da mente aprisionante que está a serviço sistema. O antídoto para não ser devorado pelo sistema imposto, é acessar os valores humanos internos para impulsionar possibilidades externas que acreditam no milagre a ser revelado e vaticinam o ser humano que querem ser.
O sistema quer eliminar a figura do dono de si que possui a gestão do programa mental e transforma emoções irracionais em atitudes inteligentes, fazendo da mente um veículo de autoconhecimento, um instrumento de autorrealização, identificando o problema e focando, na solução, capaz de desvendar o próprio mistério que encerra. A mente educada para se autogerir, vive no sistema, mas não é do sistema e, ao olhar o galho seco, consegue ver a folhinha verde que está por nascer.
Magui Guimarães