Magui Guimaraes

A Jornada dos HERÓIS & HEROÍNAS

O que a Parábola do filho Pródigo significa? Qual a razão da satisfação do Pai com o retorno do filho? Porque a diferença de tratamento entre o filho que saiu da casa paterna e o que permaneceu junto ao Pai?
A Parábola do filho pródigo é um convite ao crescimento através da vivência da queda de um anjo celestial, em troca das asas, pede ao pai um corpo telúrico, ao qual chama de herança, para experimentar todas as possibilidades dos sete pecados capitais, até chegar ao fundo do poço, onde não há mais como descer, comendo vagem com os porcos, no meio da lama, dirige o olhar para o alto, recorda do Pai, “cai em si”, e faz o caminho de volta a casa paterna.
A expressão “cair em si”, revela uma luz que acende, trazendo o que estava por ser revelado, e que a verdade teve paciência de esperar o momento certo, no qual a pessoa tem capacidade de receber. Cada verdade tem o seu tempo de se apresentar. No entanto é preciso desinstalar-se, sair da zona de conforto, e se colocar à prova.
A alegria do Pai, em receber seu filho de volta, com festas e honrarias, não é a mesma demonstrada ao filho que ficou na zona de conforto.
É mais valorizado o que teve a coragem de abandonar o conforto para vivenciar a tortuosa descida do céu para a terra, arriscou e teve um arrependimento genuíno, enquanto o outro, permanecendo no céu, apegado as asas, nada aprendeu como andar na Terra, e nada tem do que se arrepender.
Joseph Campbell pesquisou a trajetória do protagonista em muitas histórias épicas, e estruturou em seu livro A Jornada do Herói, as várias etapas.
Na primeira somos introduzidos em ambiente propício para aventura humana, um ponto de partida
Na segunda etapa recebemos um chamado à aventura para embarcar em uma jornada extraordinária. Isso pode vir na forma de um desafio, convite, ou uma crise existencial, porém o medo do desconhecimento, leva a Terceira etapa, recusa ao chamado por desconfiança das próprias capacidades, e nessa fase pode estacionar e permanecer com uma vidinha normal, segura e rotineira, porém monótona. E na duvida se abraça o desafio ou permanece inerte, e vem a quarta etapa que é o *
Encontro com o mentor, a exemplo de Aquiles que pergunta a Mãe se deve ir lutar em Troia, e ela responde que se ele ficar com a família, terá uma vida muito feliz porém sem realizações, sem história memorável, mas se lutar, será lembrado como um herói, por toda a eternidade, e Aquiles opta em ir para Troia, mesmo estando sujeito à morte.
Escolhendo entrar em bons combates, passa para a Quinta etapa, há uma Ruptura uma fase de transição, na qual o herói deixa para trás sua vida anterior, e entrega-se ao novo desconhecido, não é mais o que era, e nem sabe quem será.
Inicia-se a sexta etapa das Provações e enfrenta ameaças, tem embates com inimigos, é testado em sua determinação e desenvolve habilidades, cria defesas, aprende que para ganhar o jogo de fora, é preciso primeiro vencer o jogo íntimo entre o vilão e o herói interior.
E finalmente, depois de árduas batalhas, vem a sétima Etapa das Recompensas a conquista de ter vencido o medo de enfrentar o dragão, para salvar a princesa. Uma sensação de que a vida valeu a pena, por ter se sujado na poeira das ruas, por ter saído do banco de reserva, ferido, sofrido, mas sobrevivido de forma gloriosa.
Nada é em vão, tudo tem valor de mensagem, toda a descida, cada queda no carrega em si, a força da subida, e todo erro culmina no acerto.
Todos somos predestinados a evoluir, arriscando-se a pagar o preço. Não existe erro, apenas resultados que despertam a dimensão reflexiva, e a cada insight, há uma expansão, sem recuo. Ou seja, não há involução, no máximo uma estagnação.
No ritual da Igreja Católica, o momento da comunhão com o Divino, acontece após do Sermão, da revisão interna, do inventário moral, para a partir do arrependimento, chegar a lucidez. O filho pródigo após esbanjar toda a riqueza, recorda, arrepende-se e retorna a casa do Pai, com mais aprendizado.
A evolução humana não é um processo linear cartesiano, e sim uma subida que precede a várias descidas e tombos necessários, impulsionando o ser, igual topada, levando o corpo prá frente, avançando, domesticando as forças animalescas, conquistando recompensas de vivenciar o sublime e sutil mundo das virtudes, tornando-se Heroína e Herói de si mesmo.


Magui Guimaraes

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