Magui Guimaraes

Mecânica x Orgânica

Em busca daquilo que é único na sua espécie, que é singular ou seja, que apresenta uma qualidade fora do comum, do que não é usual, nasceu em 2009 a Singuraly University, no Vale do Silício, patrocinada pela Google em parceira com a Nasa, dirigida por Ray Kurzwel, com a finalidade de reunir, educar e inspirar um grupo de dirigentes que se esforçam em compreender e facilitar o desenvolvimento exponencial de tecnologia e promover, aplicar, orientar e guiar estas ferramentas para resolver os grandes problemas da humanidade. Trata-se de um complemento das universidades tradicionais. E muitos jovens participam desenhando como será o futuro, e assim chegamos a Inteligência Artificial.
O que chamamos de Inteligência Artificial é o resultado de um processo orgânico, no qual a informações são captadas pelos cinco sentidos, e ao chegar no sistema nervoso são armazenadas no hipocampo através de imagens, sons e sensações que formam o pensamento humano. Tudo que é pensado tem uma cena, com um efeito sonoro agregado que gera uma sensação específica que pode ser medo, alegria, raiva, pânico, segurança, leveza, surpresa e todas as infinitas possibilidades de sentir.
Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, já trouxe a ideia do mental coletivo, uma espécie de nuvem, onde estão alojados os pensamentos de toda a humanidade e os arquétipos que representam as motivações básicas dos humanos, que são difundidas socialmente, ou seja, traços de personalidade, valores, crenças e premissas herdadas coletivamente e de maneira inconsciente.
Tudo que já foi pensado no passado está armazenado, e pode inclusive ser resgatado, mas sempre será algo que já aconteceu e que foi pensado pelos humanos de forma orgânica e está apenas estocado, mas não tem nada de artificial.
O cruzamento de dados armazenados para uso comercial é o perigo que estará nas mãos daquele que dominar a técnica de criar algoritmos, ou seja um sequência de passos para alcançar um objetivo que pode ser o de enquadrar a humanidade em formas de pensar robotizadas para nos tornar consumidores dóceis, alimentando um sistema que ditará as regras que deverão serem seguidas pela massa, que irá determinar formas de pensamento, com o objetivo de condicionar o cérebro humano a abrir mão do pensar livre, da curiosidade, da criatividade, da incrível plasticidade do cérebro como Deus criou originalmente. Robotizar o humano é uma forma de escravizar o cérebro a pensar de acordo com a caixa, ao invés de fluir criando, através das artes, inspirações refinadas que caracterizam as formas orgânicas naturais do livre pensar.
Os três males da humanidade são: auto importância, seriedade e hereditariedade. Podemos ir além dos antepassados e construir algo novo, que nos traga o sentido de ser diferente ao invés de importante, de usar o humor ao invés de circunspecção. A máquina mecânica repete o conhecido, mas o organismo humano se reinventa, a partir da liberdade de criar, trazendo alegria.
Será mesmo que é através da tecnologia, que os grandes problemas da humanidade serão resolvidos? Quais são os grandes problemas da humanidade, senão a ambição desmedida dos líderes que desejam dominar o planeta, criando toda espécie de desigualdade de direitos e oportunidades. A crise da humanidade não é de dinheiro, não é de petróleo ou tecnologia e sim de valores, de caráter, de compaixão, de solidariedade. A máquina é capaz de organizar dados com rapidez e exatidão, mas é incapaz de sentir. A mais avançada tecnologia da nossa espécie, aquilo que temos de único e singular, nossa qualidade fora do comum, que a máquina com toda tecnologia jamais alcançará, o nosso diferencial inestimável, é a capacidade de fazer empatia, de sentir o que o outro sente, e assim, nos tornarmos cada vez mais humanos.
Magui Guimarães

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