A Academia de Direito Internacional Humanitário e de Direitos Humanos de Genebra, computou 110 conflitos armados de todos os tipos, em curso em 2024, alguns dos quais estão em andamento há mais de 50 anos. Interessante ou desesperador é pensar na possibilidade de que cada ser humano tem suas guerras individuais e também insiste em dar continuidade, até quando?
Guerra é sempre um movimento regressivo pois abre-se mão de todos os recursos civilizatórios para ter o poder sobre o inimigo, e nessa hora, em que se fez cativo o desafeto, que está totalmente vulnerável, o que geralmente pode acontecer é um abuso, uma barbárie para com o mais fraco, naquele momento.
Existem muitas minorias, frutos de guerra ou não, que estão em estado de vulnerabilidade, e são tratadas de forma racista, preconceituosa, estereotipada, reducionista, que sofrem por sentirem excluídas pela maioria politicamente incorreta, cujo sonho de consumo é botar as mãos no pescoço do inimigo, e ouvi-lo dizer: – Você tem razão, você está certo, você é o cara, faz comigo o que você quiser.
Este espaço do falso poder sobre o inimigo, é o epicentro da guerra, onde vence a má cultura, de pessoas que são grosseiras, cujo prazer é ver o outro rebaixado, e por escassez de consciência e lucidez, vivem regressivos, por uma vida inteira, lutando por caprichos. defendendo o que lhe traz um falso poder e efêmero prazer.
Segundo a tradição judaica temos duas faces, uma voltada para traz e outra para frente. Os que olham para traz, dirigem olhando para o retrovisor, querem forçosamente, acreditar que a vida é isso mesmo, que a realidade é que a vida é difícil, a vida é rude, repleta de desastres. Essa é tentativa de acreditar que a agressividade é normal, defende uma narrativa onde a causa do mal-estar, está fora de si, mas quem está em conflito, é porque entrou nele e o estabeleceu dentro de si. O azedume, a impaciência explosiva é uma sinalização que está na contramão da evolução e, que a direção correta é educar a sensibilidade para perceber que não está Ok, e redirecionar o olhar para frente, para as possibilidades futuras.
O que interessa mesmo é ter a sensibilidade para perceber que toda vez que se entra em conflito, há um mal-estar, e não só porque agora entrou em um território onde vale tudo, porque sabe que guerra é guerra e, que agora está dada a permissão de botar dedo no olho, puxar cabelo, e não somente por isso, mas o conflito faz a pessoa perceber que algo está errado consigo próprio.
Quando o ser humano, entra em disputa, ele mesmo se dá conta de que alguma coisa não está legal, não é normal. Alguma coisa está fora de ordem, que a pessoa se sujou em um espaço de poder, ao qual está apegado e não se quer abrir mão, de maneira alguma, do motivo pelo qual topou entrar em guerra.
É importante prestar atenção a este alerta, o sinal vermelho, que vem da consciência quando inicia o movimento regressivo que cria amarras de controle, e agora o “vencedor” vai ser guiado pelo destino da guerra, na dimensão reptiliana, arrastando-se pelo chão, em busca do prazer fútil de conquistar território. Este é um lugar beligerante e perigoso, quando o triunfante, torna-se bárbaro, torna-se na verdade, um prisioneiro de sentir prazer com a própria crueldade e, pode jogar no lixo séculos, milênios de evoluções e construções de civilidade.
O politicamente correto é quando mesmo tendo feito todo sacrifício, de ter perdido muita coisa, como matar, roubar, agora se aproxima do derrotado, com uma potência absurda, e percebe a falta de sentindo, o quanto esse processo é destrutivo e resolve resgatar sua própria consciência e entrar no movimento evolutivo da humanidade adormecida, que é uma oportunidade de evolução, dentro do politicamente correto, e da cultura do bem.
Ao aceitar que a causa do mal-estar, está dentro e que existe o conflito e a guerra pelo apego ao pseudo poder, e que se trata de um lugar regressivo, esta é a dica para se livrar do próprio cárcere interno, e escolher entrar na marcha evolutiva desses braços abertos do criador, de um amor divino cuja vontade é a evolução da criatura, fora das guerras.
Por sinal, o sonho humano é estar bem, em um lugar de paz que seja inclusivo e acolhedor com outros povos, parceiros, filhos, pais, vizinhos, através das leis do amor, conquistar a salvação pela consciência.