Magui Guimaraes

Reforma íntima

Nada agradável assistir na primeira fila o resultado dos pensamentos lesivos que desencadeiam jogos, agendas ocultas, com primeiras e segundas intenções, construindo uma história que podia ser a própria história, mas por qualquer razão, a pessoa vai por um caminho sinuoso e sinistro.   Esse mal pensar que vira trapaça, referte em doenças psicossomáticas, e a convivência vai ficando pesada a partir do intrapsíquico, provoca uma corrosão na alma.

O primeiro passo para a cura é criar vínculo consigo mesmo, mas ao olhar para si mesmo há uma desconfiança, pois se corrompeu tantas vezes, diante dos próprios olhos, que vai perdendo a pureza, a inocência, uma ingenuidade que é o atributo da alma, da própria essência do ser humano.

Como construir vínculos com o outro se, o mundo de dentro é cinza e a alma está encardida, dentro de um labirinto de escolhas não íntegras, numa teia de transados de interesses onde as pessoas vivem umas querendo usar a outra na perspectiva utilitária, fazendo ameaças e pressões, usando o medo, onde a boa convivência é uma grande utopia, destruindo qualquer capacidade de viver vinculado à vida. Mas isso é um processo que não vem naturalmente, porque somos limitados.

Quero acreditar que o ser humano não é uma série de construções de interesses e manipulações, e que é possível sentir-se vinculado, inicialmente a si mesmo, e a partir de projetar esse amor que nasce de nós mesmos e por nós mesmos, sentirmos a alegria de criar vínculos com outros seres humanos, e com todas as espécies.

Quero acreditar que é possível bater asas com a alegria vital e coexistir com qualidade. De limpar e recuperar a plasticidade da alma que é essa certeza de que é possível manter o respeito mútuo, a consideração, inocência, liberdade de poder fluir e conviver.

Com a mesma força com que a luz entra pela minha janela quero acreditar na preservação da nobreza, simplicidade e inocência da alma, que resgata os vínculos, que podemos começar pelo respeito mútuo que já está de bom tamanho.

Quero acreditar que cada ser humano é sagrado e que embora seus atos possam merecer ajustes para alcançar a harmonia, é possível conseguir estabelecer vínculos sinceros, autênticos e legítimos, através de uma reforma íntima.

 

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