Quando recebemos uma crítica, maledicência ou ironia, imediatamente brota um desejo de revidar, de se vingar, de dar uma resposta, devolvendo ao outro o mal provocado. Quer o troco seja dado, ou abafado, fica o gosto amargo de se deixar desestruturar. O outro sente-se vitorioso quando consegue comprovar a fragilidade de quem se deixa abalar. Ao se deixar manipular pelo estímulo do outro, quer ficando enraivecido com a crítica ou envaidecido com o elogio, dá indícios de fraqueza.
Quando as circunstâncias ditam o estado interno do indivíduo, a burrice emocional impera, trazendo um desgaste na saúde física, mental e até espiritual. Na verdade, o insultado aceita a provocação como insulto, e a partir dessa leitura, reage com o cérebro reptiliano que diante do perigo, foge ou ataca.
Na verdade não importam as circunstâncias externas e sim, quais as reações diante das circunstâncias. “Eu sou as circunstâncias” dizia Napoleão. Deixando de lado, o exagero dessa frase, qual é a lição que podemos tirar dessa frase? Que a linguagem é determinante para fortalecer o poder interior. Quando Napoleão faz a escolha de decidir internamente, o que lhe afeta externamente, está optando por considerar qual a escolha mais útil.
Tomando como base que a linguagem é determinante na escolha da atitude, há que prestar atenção ao sistema de crenças que estamos alimentando. As crenças rígidas dos egos fortes são armadilhas que acionam reações impulsivas. Os prisioneiros dessas traiçoeiras “pegadinhas” são aqueles que acham que o outro “Tem que me respeitar”, “Tem que me aceitar”, “Tem que me obedecer”, enfim, o autocentrado se vê como dono absoluto do mundo, e quem todos devem servir.
Quão forte é o poder sobre si, quando uma pessoa decide seu comportamento com base nos valores humanos. O outro pode ser um estímulo para uma reação impulsiva, mas é no centro de si, que se processa a razão refinada de agir conforme os princípios que fundamentam a identidade. Se a pessoa escolhe que a característica da irritação não faz parte da sua identidade, esta emoção está abolida na raiz.
A maior vitória é vencer a si mesmo, afirmava Krishnamurti. E esta condição de ser rei do seu pensamento, da sua emoção e da sua ação é a base da integridade que fortalece o caráter. O caráter forte desarma, constrói e inspira!