Vivi, uns meses, em meu oceano particular
Os anjos cuidaram de mim, eu sei
No útero de minha mãe, mergulhada
Cresci e, sem espaço me expulsei
Da água para a Terra, nasci
Aprendendo a respirar sozinha,
Puxando o ar pra dentro de mim
A dor e a delícia de estar vivinha
Curiosa e chocada, parada, espantada
Sem ensaio, sem manual, sem saber de nada
Meu Anjo protetor, Cadê?
Como vou suportar ser um “Eu” sem Você?
O horizonte é ilusão, não há chegada
Nem encontros, e sim encruzilhadas
A mente confunde verdade com farsa
Vem das vísceras, minha gargalhada
Antes de ir pró céu, terei de morrer
Entregar o cabelo, pele, carne, osso, e o sangue escorrer,
E lá em cima, se o melhor não acontecer…
Mesmo assim, do nada, Eu invento!